quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A frescura perde-se

Há dias, na sequência de um post do Blog Ás nove no meu Blogue (que eu tanto gosto), escrevi que:

"Trabalhar o desapego é um dos grandes desafios de todos nós e nem sempre estamos dispostos a esse esforço. Mas há situações em que vale mesmo a pena. E quando uma porta se fecha e parece não existir janelas, há sempre uma forma de deitar abaixo os muros e voar noutra direcção:)"

Eu sei que há muita desgraça no mundo, mas vamos apenas falar no contexto da nossa vida, neste nosso mundinho aqui, com uma vida normal, numa sociedade sem guerras nem desgraças evidentes.

É realmente dificil trabalhar o desapego, trabalhar o nosso mundo sem dependência do externo. Conseguir olhar para dentro sem imediatamente acusar o de fora. Conseguir tomas as rédeas da nossa vida, sem nos fazermos de vítimas de tudo e mais alguma coisa.

É dificil não acusar o tempo do meu mau humor hoje.
É díficil não acusar o trabalho pelas minha dores de cabeça.
É difícil não acusar as crianças pelo meu cansaço físico.

Mas então como consigo controlar isto? Como consigo controlar esta necessidade de vitimização? Esta dependência daquilo que não sou eu? Como posso sair desta espiral?

Com muito esforço e com muita força de vontade? Pois...

Conseguirmos não nos identificarmos com a situação. Não sermos a situação. Desapegar-mo-nos do que vemos, do que sentimos...
Conseguir ver tudo de cima, dos lados, de um outro olhar que não o da nossa mente.

E tudo muda? Muda.
Consegue-se fazer? Consegue-se.
Sempre? Não sei. Eu não consigo sempre. Mas consigo mais vezes do que conseguia há um ano atrás.

E é impressionante como realmente a imagem muda. A nossa situação de dependência, a nossa identificação com a situação/pessoa/objecto, a nossa possessividade... quando vista por nós e não pela nossa mente.

São estas situações de dependência, que creio não serem mais que demonstrações de insegurança, medos, que muitas vezes nos bloqueiam. Bloqueiam a nossa liberdade. E qualquer coisa que bloqueie a nossa liberdade, é cortar no ar. É cortar na frescura das coisas. É cortar na felicidade. E perdem-se oportunidades. Perdem-se janelas que se abrem. Perdem-se capacidades de luta. E muros erguem-se. Muros que de repente não conseguimos destruir. E ficamos presos. Apegados. E a frescura... perde-se.

Um comentário:

  1. És uma pessoa muito filosófica :D
    Gosto de ler a tua opinião :)

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